quarta-feira, 20 de julho de 2011

O uivo afinado do Lobo.

Cotação : 4 Estrelas.

Engraçado. Sempre tive a sensação de que Lobão era muito mais incensado por suas polêmicas aventuras do que por seu talento musical.
Apesar de músico precoce, pois aos 17 já respondia pelas baquetas do Vímana, grupo de rock “nacional progressivo” (se é que algum dia isso existiu) que contava ainda com dois futuros astros do boom do pop-rock brazuca dos anos 80, Ritchie e Lulu Santos, João Luiz Woenderbag Filho já naquela época (meados dos anos 70) mostrava que, a exemplo do Velho Guerreiro, vinha mais para confundir do que para explicar : Foi o responsável direto pela morte do grupo ao se envolver com a mulher de Patrick Moraz, o tecladista do Yes, que havia resolvido largar a banda mundialmente famosa para tocar com a garotada brasileira. Seria a primeira das muitas confusões envolvendo o Lobo ensandecido.
Em paralelo com a sua “agitada” carreira, Claudio Tognolli (co- autor do livro) arranca de Lobão depoimentos marcantes sobre a sua acidentada trajetória familiar, culminando no difícil relacionamento com o pai e no suicídio da mãe. Talvez parte da inquietude da persona publica do músico possa ser explicada por esses episódios.
Voltando à arte, Lobão narra a sua convivência com amigos fundamentais, como Marina, Cazuza e Júlio Barroso (fundador da breve Gang 90), a sua entrada na Blitz (o nome foi sugestão sua) e a saída ruidosa, com a banda no auge (fator até hoje de desconforto com Evandro Mesquita), passando pelo início da carreira solo pontuada por guerras com as gravadoras e a militância nas drogas, que lhe deu à aura eterna de marginal, ratificada pelas prisões em série que sofreu.
Um bom livro, que passa a limpo uma vida singular, movida a excessos e paixões desmedidas. Exagerado, como o amigo Cazuza.

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