Os 45 anos de rádio esportivo e a liderança
de 25 anos à frente da titularidade da narração da Rádio Globo do Rio fizeram
de José Carlos Araújo um dos nomes mais importantes da história do veículo.
Á primeira vista, impressiona saber que
Garotinho (o apelido foi alvo de disputas com Osmar Santos e o ex-governador do
Rio, Anthony Matheus, embora esteja mais do que provado que Aráujo é o
Garotinho original) com toda a jovialidade que transborda de sua figura e
recheia suas transmissões, já vai completar 70 anos de idade. Para os amantes
do futebol suas transmissões são quase indissociáveís das grandes emoções esportivas de uma era pré
pay per view.
Quantas vezes, ainda garoto, vibrei ao som
dos 1220 da Globo, com ele no comando e Apolinho nos comentários ? O livro de
Rodrigo Taves resgata tudo isso e, surpreendentemente, sem fugir às questões
mais delicadas da trajetória do locutor, como a briga com Waldir Amaral, em
1977, quando saiu para montar a equipe da Rádio Nacional e ser o principal
narrador da emissora; suas relações comerciais na dupla atividade de jornalista
e publicitário, fator de eternas discussões principalmente no seio da imprensa
esportiva; as divergências com o atual modelo estratégico da Rádio Globo que
privilegia a operação em rede em detrimento de uma coloração local ao rádio
(fator inclusive do grande crescimento da Rádio Tupi entre o público ouvinte do
futebol carioca) e as eventuais encrencas na sua paralela carreira de
funcionário público, que, embora concursado, era liberado de dar expediente nas
repartições, fato criticado por muitos.
Enfim, polêmicas à parte, é inegável a
importância de José Carlos no cenário radiofônico brasileiro, o que dá à
iniciativa de Rodrigo Taves, desde já, o status de obra fundamental para
aqueles que se interessam pelos nossos fenômenos de comunicação. Garotinho é um
deles.