Cotação : 5 estrelas.
A curiosidade
é matriz do trabalho jornalístico e poucos assuntos “excitam” (sem trocadilho)
tanto a imaginação do público quanto o sexo. Daí, a iniciativa certeira do
jornalista Miguel Icassatti ao organizar alguns dos melhores textos já
publicados sobre o tema em vários órgãos de imprensa do país.
“Um
Sábado no Paraíso do Swing” é uma ode ao que se convencionou chamar de
jornalismo literário. Craques de várias gerações de redações, escrevem com
precisão, rigor apurativo, leveza e humor sobre questões que abordadas por penas menos talentosas,
poderiam facilmente descambar para a vulgaridade pura e simples.
A
matéria que batiza o livro, por exemplo, é uma irresistível narrativa de
Marcelo Duarte (titular do “Loucos por Futebol”, na ESPN e autor do excelente
“Guia dos Curiosos”) sobre uma reunião de casais swingers em um clube fechado,
onde ocorria com naturalidade trocas de casais e sexo grupal. Duarte simulou
ser um casal com uma colega jornalista para ter acesso ao grupo, mas , em
comportamento profissional, não participou das “brincadeiras”.
Outro
destaque é a revelação dos bastidores do sexo em Brasília, por Marcos Emílio
Gomes, reportagem que explicita a relação sempre estreita entre o sexo e o
poder. O volume avança sobre preferências ortodoxas, como o Sadomasoquismo, comenta
a surpreendente indústria do sexo japonesa, ilumina os cenários escuros das
produções pornôs e desvenda os corredores de casas de massagem, velhos cabarés
e boates dedicadas à prostituição, por sinal, a atividade profissional mais
antiga do mundo, é tema recorrente em perfis de rara sensibilidade que vão
muito além dos clichês.
Icassatti
também acerta ao escolher dois textos clássicos que merecem entrar em qualquer
antologia jornalística independentemente do tema : a revelação da verdadeira
identidade do cartunista Carlos Zéfiro, realizada por Juca Kfouri para a
Revista Playboy e considerada pelo próprio como a sua maior façanha na
profissão, e a histórica entrevista do Pasquim com o mítico Madame Satã,
realizada em 1971 pela equipe estrela do jornal (Sérgio Cabral, Paulo Francis,
Millor Fernandes, Jaguar, Fortuna, Paulo Garcez e Chico Júnior) e republicada
na íntegra. Só esses dois textos já justificariam a cotação máxima creditada ao
livro.
No
entanto, se fosse para escolher apenas um entre os muitos destaques dessa
coletânea essencial, ficaria com o brilhante “ Loja de Brinquedos para Adultos”,
em que o jornalista Guilherme Pinha Pinto (precocemente falecido, em 1996, aos
47 anos) disseca o dia a dia de uma sexshop para a edição de setembro de 1995
da Playboy. Simplesmente sublime.
Entre tantos
textos que se debruçam sobre os vários aspectos da atividade que mantêm a
existência da humanidade, o leitor pode estar seguro que de uma forma ou de
outra atingirá o êxtase, ainda que literário.