domingo, 14 de outubro de 2012

Na terra dos gigantes



Cotação : 5 estrelas


Experimente pesquisar, em uma livraria real ou virtual, a quantidade de títulos que versam sobre futebol : biografias, memórias, perfis, romances, ensaios e até teses acadêmicas em profusão farão o deleite de quem é fã do velho esporte bretão. Existe até uma  loja, a Folha Seca, localizada no Rio de Janeiro,  quase que inteiramente dedicada ao assunto. Nem sempre  foi assim.

Até bem pouco tempo atrás, havia um fosso intransponível entre o mundo das letras e o universo da bola. Raros eram aqueles que, fora das páginas dos jornais esportivos, se dedicavam em letra de forma ao futebol como tema. Mário Filho, com “O Negro no Futebol Brasileiro” e “Viagem em torno de Pelé”, pode ser considerado um pioneiro nesse quesito. Em 1965, a ele se juntaram João Máximo e Marcos de Castro, com a publicação de “Gigantes do Futebol Brasileiro”.

Lançada pouco antes da Copa da Inglaterra, a obra rapidamente se esgotou e, em parte devido ao fracasso da Seleção na terra da Rainha que inibiu uma nova edição e pela falta de visão de outras editoras, virou quase que uma lenda  por sua raridade e importância.

Só agora, 46 anos após sua edição original, “Gigantes” volta às livrarias, embalado em um moderno e belíssimo projeto gráfico, bem como enriquecido por novos personagens que, ao longo do desenvolvimento do nosso futebol nas últimas cinco décadas, fizeram por jus ter suas histórias também registradas.

É claro que todo o processo de escolha, quanto mais se tratando de tema tão passional, traz muitos questionamentos. Isso inclusive já havia acontecido em 65, quando os autores ignoraram o Mestre Didi, bicampeão do mundo,  e Ademir, o Queixada, herói vascaíno. Essas duas ausências, as mais sentidas na primeira edição, são lamentadas por Máximo e Castro que agora pagam com juros e correção monetária tais omissões. Ambos os perfis foram os primeiros a serem incluídos.

Além de Ademir e Didi, outros sete “gigantes” se juntam ao elenco original, são eles : Gérson, Rivelino, Tostão, Falcão, Zico, Romário e Ronaldo.  Já os perfis pré existentes, Friendenreich, Fausto, Domingos da Guia, Leônidas, Tim, Romeu, Zizinho, Heleno, Danilo, Nílton Santos, Garrinhcha e Pelé, foram reescritos.

Antes que alguns mais críticos perguntem por Reinaldo , Zagallo, Pepe, Canhoteiro,  Dida ( o do Flamengo , não o goleiro), Sócrates, Júnior, Djalma Santos, Carlos Alberto Torres, Paulo César Caju, os goleiros Gilmar ( o campeão de 58 e 62), Castilho, Barbosa e tantos outros, os autores esclarecem que os 21 “eleitos” não são necessariamente os maiores jogadores brasileiros de todos os tempos, nem os únicos gigantes, são só aqueles que, por motivos diversos, foram escolhidos para que suas histórias fossem imortalizadas em livro. De fato, talvez 10000 páginas seriam ainda insuficientes para registrar toda a grandiosidade do nosso futebol.

Por ora, resta afirmar que o relançamento de “Gigantes do Futebol Brasileiro” traz de volta às prateleiras um título essencial para se entender e admirar a dimensão mítica da paixão maior do nosso povo, elemento indissolúvel de nossa alma tupiniquim.


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