Cotação : 4 estrelas
Tarik de
Souza faz parte de um seleto grupo de profissionais que formataram o nosso
jornalismo musical : João Máximo, Luiz Pimentel, Jamari França, Tom Leão,
Carlos Albuquerque, Arthur Dapieve, entre outros.
Como um dos
decanos dessa turma, ele mostra intimidade com o gênero na coletânea de textos
que compõe “Tem Mais Samba”, publicação caprichada da Editora 34.
O passeio
segue uma certa cronologia, ao iniciar com as bases lançadas ainda na chamada
“época de ouro” da MPB, quando imperavam os sambistas do Estácio (Ismael Silva
à frente) e alguns dos maiores criadores do estilo, como Sinhô e Noel Rosa.
Tudo, devidamente gravado pelos pioneiros ídolos do disco, Francisco Alves
(também “comprositor”) e Carmem Miranda.
O panorama
segue com um avanço sobre o samba canção, que monopolizou o período pré bossa
nova, com Herivelto Martins, Lupicínio Rodrigues e Jamelão, talvez o maior
intérprete do gaúcho. O sambão de raiz não poderia faltar. Passam pela pena de
Tárik, os Nelsons, Sargento e Cavaquinho, Elton Medeiros, Paulinho da Viola,
João Nogueira, Clara Nunes, Candeia, D. Ivone Lara, Martinho da Vila, etc.
Embora
abarque quase todas as tendências, o grande destaque acaba sendo mesmo para a
turma da bossa nova, que ao renovar o samba incluindo elementos jazzísticos,
elevou a música brasileira a um novo patamar estético. O autor não disfarça a
sua militância pela esfera do “banquinho e violão”. Quase todos os expoentes do
movimento, incluindo seus precursores, batem ponto em “Tem Mais Samba”.
O livro é
fundamental, embora algumas crenças de Tárik possam melindrar o leitor em suas
preferências. No meu caso, achei injusto o desprezo a alguns artistas, como o
subestimado Bebeto (tachado de mero “xerocador” de Jorge Ben Jor) e o
incompreendido Benito de Paula (que boa parte da crítica trata pejorativamente
de ícone do “Sambão Jóia”). De qualquer forma, a unanimidade nunca foi prova de
valor e nem faz atravessar o samba.
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