sábado, 9 de junho de 2012

A volta ao mundo do samba em 80 textos.


Cotação : 4 estrelas


Tarik de Souza faz parte de um seleto grupo de profissionais que formataram o nosso jornalismo musical : João Máximo, Luiz Pimentel, Jamari França, Tom Leão, Carlos Albuquerque, Arthur Dapieve, entre outros.

Como um dos decanos dessa turma, ele mostra intimidade com o gênero na coletânea de textos que compõe “Tem Mais Samba”, publicação caprichada da Editora 34.

O passeio segue uma certa cronologia, ao iniciar com as bases lançadas ainda na chamada “época de ouro” da MPB, quando imperavam os sambistas do Estácio (Ismael Silva à frente) e alguns dos maiores criadores do estilo, como Sinhô e Noel Rosa. Tudo, devidamente gravado pelos pioneiros ídolos do disco, Francisco Alves (também “comprositor”) e Carmem Miranda.

O panorama segue com um avanço sobre o samba canção, que monopolizou o período pré bossa nova, com Herivelto Martins, Lupicínio Rodrigues e Jamelão, talvez o maior intérprete do gaúcho. O sambão de raiz não poderia faltar. Passam pela pena de Tárik, os Nelsons, Sargento e Cavaquinho, Elton Medeiros, Paulinho da Viola, João Nogueira, Clara Nunes, Candeia, D. Ivone Lara, Martinho da Vila, etc.

Embora abarque quase todas as tendências, o grande destaque acaba sendo mesmo para a turma da bossa nova, que ao renovar o samba incluindo elementos jazzísticos, elevou a música brasileira a um novo patamar estético. O autor não disfarça a sua militância pela esfera do “banquinho e violão”. Quase todos os expoentes do movimento, incluindo seus precursores, batem ponto em “Tem Mais Samba”.

O livro é fundamental, embora algumas crenças de Tárik possam melindrar o leitor em suas preferências. No meu caso, achei injusto o desprezo a alguns artistas, como o subestimado Bebeto (tachado de mero “xerocador” de Jorge Ben Jor) e o incompreendido Benito de Paula (que boa parte da crítica trata pejorativamente de ícone do “Sambão Jóia”). De qualquer forma, a unanimidade nunca foi prova de valor e nem faz atravessar o samba.

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