terça-feira, 8 de novembro de 2011

Silvio Luiz- O Dono da Bola

Cotação : 5 estrelas

O talento de Silvio Luiz vai muito além do jornalismo esportivo. Basta dizer que ele começou em televisão em 1953, atuando como contra regra, produtor, ator, diretor e quase todas as funções que possíveis em uma emissora. Ingressou na TV Record ainda nos anos 50 (iniciou na TV Paulista), e participou do auge da emissora na década de 60 produzindo musicais ao lado de Miéle e Ronaldo Bôscoli, aliás foi nessa fase que conheceu a cantora Márcia, sua esposa até hoje.
No início dos anos 70, Silvio foi convocado por Carlos Manga para fazer parte de um dos mais emblemáticos programas da história da televisão, o famoso "Quem tem medo da verdade? ". Consistia de uma espécie de "julgamento" de uma personalidade, em que Carlos Manga fazia ás vezes de juiz e o júri, formado entre outros por Silvio Luiz, atuava quase como uma promotoria, acusando e não raro, humilhando os participantes, levando muitos às lágrimas (casos de Leila Diniz e Grande Otelo, por exemplo). Silvio era o mais raivoso deles. O vilão daquele programa, síntese do mundo cão.
Em 1977, a Record, em lenta decadência, é adquirida pelo grupo Silvio Santos e começa a investir em esportes. Silvio, então um desmotivado funcionário da emissora, aos 43 anos volta a trabalhar com futebol, ele já havia sido repórter em diferentes ocasiões, e no início da década, foi juiz da Federação Paulista. Aí começa uma magnífica história digna de ser relatada naquele quadro final da novela "Viver a Vida". A Record monta uma pequena equipe com Silvio como narrador, Flávio Prado, jornalista iniciante como repórter e Hélio Ansaldo como comentarista (mais tarde viria o lendário locutor paulista Pedro Luiz, o Lorde). Silvio, inspirado em Chacrinha, transforma as transmissões em verdadeiros shows, incluindo sonoplastia, brincadeiras, bordões inusitados ("pelas barbas do profeta", "pelo amor dos meus filhinhos") e muito, muito humor, arrebatando uma multidão de fãs, principalmente entre as crianças que começavam a acompanhar o velho esporte bretão, como esse leitor que vos escreve.
Wagner William relata com precisão e honestidade a trajetória única do irreverente locutor, não escondendo os seus inúmeros defeitos, mas realçando as virtudes de um dos mais admiráveis narradores que o Brasil já viu. O autêntico "dono da bola".

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