segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Os Documentos e os Instrumentos da Biltz.



Cotação : 5 Estrelas


Rodrigo Rodrigues, aquele gordinho Tijucano que pilota o Bate Bola segunda edição na ESPN Brasil, resgatou 27 anos depois do estouro, a história da banda que deu o pontapé inicial na onda do Brock que tomou de assalto as paradas do início dos anos 80. Eu estava lá, vi e ouvi.
A trajetória da banda começa na verdade no fim dos anos 70, quando Evandro Mesquita e Patrycia Travassos (que embora nunca tenha feito parte da formação, sempre atuou nos bastidores, inclusive como compositora e diretora de alguns shows) batiam ponto no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, celeiro de outras futuras estrelas como Regina Casé e Luis Fernando Guimarães.  Nessa época, com trânsito fácil entre música e teatro, Evandro conhece o guitarrista Ricardo Barreto e começam, de forma despretensiosa, a levar um som. Em seguida, se juntam a Lobão, que fazia parte do grupo de apoio da cantora Marina. O embrião da Blitz estava formado.
Por sinal, o amalucado baterista (posição original de Lobão, que só em carreira solo assumiria a guitarra), foi o criador do nome do grupo, já que os caras viviam tomando duras naquela período pós hippie.
Por influência de Júlio Barroso e sua Gang 90, a formação incorpora duas backing vocals, o que daria um charme e um diferencial notável às músicas, em suma, permitiria que o vocal “falado” de Evandro tivesse uma resposta à altura. A musa Márcia Bulcão e a garota sangue bom Fernanda Abreu deram o colorido que faltava. O avião estava pronto para decolar.
Com a formação cristalizada, os shows no circuito alternativo carioca (incluindo o recém aberto Circo Voador, em seu início no Arpoador), logo, levaram a um destaque no meio. A EMI, esperta no lance, foi lá e contratou. O primeiro compacto, “Você não soube me amar”, jogou a banda nas alturas. O primeiro LP a jogaria nas Galáxias, mas, antes disso, Lobão, em um ato quase suicida, resolveu sair para lançar o seu disco solo, embora, em uma atitude que até hoje repercute, tenha participado da histórica sessão de fotos que colocou a Biltz na capa da “Isto É”, garantindo para si mesmo a mídia necessária para o seu disco a ser lançado.
O ano de 82 foi todo da banda, com apresentações quase diárias na televisão, culminando com a participação na tradicional festa da chegada de Papai Noel no Maracanã lotado. Eu estava lá também.
A brincadeira durou 3 discos e foi até o final de 1985, incluindo aí a histórica apresentação no primeiro Rock in Rio. O dinheiro, a fama, as exigências do sucesso acabaram desgastando a relação entre os componentes e o que era uma diversão acabou virando um emprego. Fim da linha para a Blitz.
Já nos anos 90, Evandro voltaria com a banda, que, desde então, em esquema novamente alternativo contando com várias formações, se reúne ocasionalmente para shows de revivals e eventuais discos. No detalhado e bem apresentado volume (que segue o ótimo projeto gráfico dos almanaques da Ediouro) , Rodrigo Rodrigues faz a história da Blitz descer redonda, como chopp com batatas fritas. Descem dois.

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