Cotação : 5 estrelas
Na orelha da edição convencional de
Pornopopéia (existe uma outra de bolso), o texto sem assinatura vaticina : “
Pela sua atualidade e também pela maneira como o autor domina o texto- de ritmo
nervoso, ecoando o que se diz nas ruas, e não nos departamentos de literatura-
Pornopopéia é uma experiência única. E seus efeitos não são passageiros.”
O que a princípio poderia ser mera retórica
marqueteira da editora é de fato a pura expressão da verdade.
Para os mais apressados, as aventuras do
cineasta frustrado Zeca, relegado a produzir vídeos institucionais de salsicha,
seriam apenas pornografia da categoria mais baixa possível. A descrição
minuciosa de orgias com jovens liberais e prostitutas, regadas a muitas drogas,
talvez deixem essa impressão. Mas Reinaldo Moraes consegue mais do que isso. O
devasso Zeca é tão bem construído, suas observações despudoradas a respeito da
realidade que o cerca tão contundentes, que Pornopopéia não pode deixar de ser
o que efetivamente é : grande literatura, um romance símbolo de sua era.
Um outro fator interessante é a condição de
cúmplice fornecida ao leitor, pois Zeca, a exemplo de personagens criados por
Machado de Assis e Jorge Amado, se dirige diretamente ao leitor em meio ao
relato de suas loucuras. Somos agregados à noitada sem fim do narrador.
Além de tudo isso, Reinaldo Moraes utiliza um humor matador, tão politicamente incorreto, quanto irresistível. Em vários momentos, o livro inspira sinceras gargalhadas.
Além de tudo isso, Reinaldo Moraes utiliza um humor matador, tão politicamente incorreto, quanto irresistível. Em vários momentos, o livro inspira sinceras gargalhadas.
Nunca um autor tão marginal, ocupou lugar tão
central em nossas letras.
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