quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O Grito do Ipiranga libertado do quadro.

Cotação : 4 Estrelas

Laurentino Gomes segue na sua relevante empreitada de desmitificar a história oficial a traduzindo para uma linguagem jornalística moderna, proporcionando ao grande público o acesso à informações antes restritas aos círculos acadêmicos.
A julgar pela lista de best sellers, o autor vem atingindo o seu objetivo, iniciado com o excelente "1808", e prosseguindo agora com a publicação de "1822".
Apesar de serem obras "gêmeas" de inegável qualidade, "1822" talvez se situe um degrau abaixo de seu antecessor. Se em "1808" a apuração minuciosa e sem pressa, bem como a independência da cultura universitária foi um trunfo, em "1822" nota-se uma certa aproximação reverente à Academia, que se transformou em subjugação, como se Laurentino pedisse licença aos Mestres e Doutores universitários para escrever um livro de divulgação científica sobre a história do Brasil. Essa impressão me é reforçada com as inúmeras citações inseridas em cada capítulo que, apesar de concederem solidez às informações, tiram muito do prazer literário tão abundante em "1808". Talvez a urgência em se produzir um sucessor que mantivesse aquecido o filão aberto pelo primeiro livro, explique essa recorrência exagerada às fontes oficiais.
Mesmo assim, "1822" é uma publicação fascinante, que traz à realidade a clássica imagem do "Grito do Ipiranga", libertando-a da cena imaginada por Pedro Américo.

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